Minha grande
bobagem.
A viagem se
aproxima rapidamente e sou tomada por um turbilhão de emoções mais parecido com
uma montanha russa. Diversos sentimentos se alteram numa velocidade enorme e me
sinto um tanto ansiosa com tudo. Me pus a comer feito uma louca, literalmente,
comendo as emoções hahahahaha.
As últimas
semanas foram de preparação e da lista original de tarefas a fazer sobraram 3
grupos:
1) Para a viagem: simular a mala,
definindo as roupas a levar. Lavar todas e fazer a mala de fato. Definir quais
medicamentos levar e comprar na farmácia. Tirar fotos tamanho visto para
eventuais imprevistos, xerocar passaporte e comprar cadeados para a mala.
2) Ir no periodentista (terça),
cabelereiro (quinta) e manicure (sexta).
3) Acabar de empacotar o que falta (sábado).
Esta semana
já empacotei quase que minha casa toda. Uma loucura. A pouco mais de 1 ano da
minha última mudança, cá estou eu mudando tudo de novo. E quem já passou por
mudança sabe que é enlouquecedor. E esta tem um sabor diferente pois não estou
mudando de casa, mas sim me desfazendo da minha, então é um tanto emotivo também.
Andei
fazendo também happy hours e almoços de despedida, de amigos e pessoas tão
queridas, que me dão tanto amor que fico numa mistura de sentimentos. De um
lado de coração cheio e feliz por te-las na minha vida, participando comigo e
de outro triste, pois em breve estarei sozinha por aí. Até me perguntei porque
é mesmo que estou indo? Porque deixar uma vida tão boa, uma boa empresa,
salário, bons amigos, um namoro tão antigo e que amo tanto, e a família???? Será que busco um “sonho de uma
noite de verão”?
Esta é uma
pergunta de resposta difícil que até agora não consegui pôr em palavras exatas.
É um sonho, um chamado da alma, uma inquietude que trago comigo a tanto tempo,
até que chegou num ponto em que não pude mais ignorar.
Mas não sei
bem o que busco, o que espero. Quer dizer, busco crescimento pessoal,
espiritual, ver outras culturas, estar em contato com outra gente, ajudar nas
ONGs, contribuir ao mundo e retribuir um pouco do que ganhei até agora.
Busco voltar uma
pessoa melhor que saí. Mas são objetivos etéreos e tenho medo de ir e voltar
sem nada disto, exatamente igual. Sei que só depende de mim conseguir tudo
isto, e para tal, meu compromisso, que reafirmo todos os dias é: ABRIR-SE AO
MUNDO.
Tenho uma
tendência solitária, de me isolar, me fechar um pouco e é exatamente este muro
que quero romper. Quero abraçar a experiência de coração aberto, pro bom e pro
ruim, deixar as pessoas chegarem em mim, não me proteger tanto, sei lá.....
Acho também
que é um suspiro da maturidade. Envelhecer faz parte da vida e sou grata por
ter a oportunidade de passar por isto, mas não é exatamente fácil. Envelhecer
traz coisas ótimas e sem dúvida alguma me sinto melhor hoje, quase aos 42, do
que aos 20. Mas também significa perda de vitalidade, de juventude, de viço, de
beleza (ao menos da beleza que estava acostumada até agora).
Um dia olhei
no espelho e foi muito aquela canção: “Já não tenho mais a cara que eu tinha,
no espelho esta cara não é minha....” Modéstia à parte, eu fui uma pessoa
considerada bonita e como foi algo com o qual eu nasci, acabei me acostumando e
nem pensando muito nisto. Estar perdendo esta beleza da juventude exige mudança
e adaptação.
Decidi não
querer buscar a beleza eterna, com plásticas e tratamentos que na verdade não
impedirão o inevitável de ocorrer, decidi me reinventar e descobrir quem eu sou
bem além da aparência. Como me relacionar com o mundo quando a pele estiver
seca e enrugada, a gordurinha na cintura, a lentidão nos movimentos? Ainda
estou longe disso tudo, mas se não me preparar agora, de repente terei 60 anos,
vivendo ainda como se tivesse 30, e isso eu não queria.
Ver minha
avó envelhecer, estar minguando, morrendo, me trouxe também a consciência de que a vida é
breve e acaba. Para todos. Trouxe minha própria mortalidade.
O primeiro
passo foi cortar o cabelo, já no final de 2013. Sempre tive cabelo comprido e encarava o tamanho
como parte da minha sedução. O roçar do cabelo nas costas, o jogar o cabelo
comprido para trás, assim, meio coquete. Por incrível que pareça cortar o
cabelo me fez ter que rever gestos e cacoetes tão familiares a mim, que já os
confundia comigo mesa. Foi libertador. Eu não sou meu cabelo. Óbvio né? Mas
mesmo assim foi preciso coragem. Só quem é mulher e tem cabelo comprido, pode
entender esta relação muito louca que temos com nosso cabelo.
E esta
viagem é mais um passo nesta direção: quem sou eu, de fato, no âmago? Quem é
minha alma? Quem é esta pessoa além das máscaras que usamos no trabalho, na
sociedade, da beleza externa, da maquiagem, do esporte, da competência profissional? Quem é esta que vai envelhecer comigo? Quem?
Não sei se
descobrirei nesta viagem ou não, mas espero que dê os passos para que sim. Que
ao carregar uma mochila com poucas coisas na bagagem, tenha poucos artifícios
para me esconder atrás do que quer que seja, e que possa me descobrir de fato.
Que ao ajudar os outros, possa me ajudar, e assim possa voltar mais completa,
mais preparada, mais pronta. Sei lá.....talvez seja isto tudo uma grande
bobagem. Mas é minha grande bobagem!
E para
terminar, um trecho de música que acho linda, cantada pela Leila Pinheiro:
“Viver é afinar o instrumento
De dentro pra fora
De fora pra dentro
A toda hora, todo momento
De dentro pra fora
De fora pra dentro”
De dentro pra fora
De fora pra dentro
A toda hora, todo momento
De dentro pra fora
De fora pra dentro”
Obrigada a
cada um de vocês, que fazem parte da minha vida, que me deram tanto amor nestes
encontros de despedida. Amo muito todos e os levo comigo no coração.
Quando você vai ?
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