domingo, 19 de abril de 2015

Olá a todos, ou Hallo almal, em africâner J


Esta semana foi cheia de emoções e descobertas. Comecei no trabalho na quarta-feira da semana passada. Estava bastante ansiosa para o primeiro dia, mal dormi a noite, parecia uma criança esperando o aniversário! Hahahahahahaha. 

O trabalho é na ONG Mammadu Trust, que assiste crianças em estado de pobreza e necessidade, oferecendo pré-escola para crianças de 4 a 6 anos de idade, no período da manhã (das 7:00 as 12:00), e suporte escolar para crianças de 6 a 14 anos, no período da tarde (das 13:00 as 17:00), totalizando 40 crianças.


Além do suporte educacional são oferecidos o café da manhã, lanche da manhã, almoço e lanche da tarde, água limpa, e atividades recreacionais, sendo que para muitos, é a única refeição decente que comem.

Este é o balanço deles. Num conceito bem ecológico, de reciclagem total :-)



Mammadu fica localizada em Otjomuise, na periferia de Windhoek. Um prédio simples, mas eficiente, um oásis no meio de um bairro muito pobre.



Lembra as nossas favelas (miséria é miséria em qualquer parte), com muitas pessoas vivendo na mesma casa, feita em alumínio e que lembra um container. Como a população é menor e a área disponível maior, é um tanto mais organizado que no Brasil. Mais limpo também. No entanto não tem energia elétrica, água encanada ou saneamento básico (e não tem “gato”). Vivem em uma grande pobreza e a violência é alta.



Na verdade, em muitos aspectos a Namíbia lembra o Brasil, com os brancos, mais bem educados, dominando os melhores cargos e salário, e os negros, sem uma boa base educacional, tendo acesso aos empregos mais básicos. Mas, diferentemente do Brasil, aqui existe pouca miscigenação, então os brancos são bem brancos e os negros bem negros.

O trabalho na ONG começa às 10 da manhã quando o professor libera as crianças pequenas da aula. Consiste basicamente em ajudar a servir o lanche e a brincar com elas até a hora do almoço. Não é um trabalho difícil mas, quem tem criança pequena sabe, é bastante cansativo. Elas têm muita energia! hahahahahahaha.



Na parte da tarde o trabalho é servir o almoço, ajudar na lição de casa, tirando dúvidas que possam ter, e depois brincar e conversar com eles. Na turma da tarde a interação é diferente, pois são maiores, já dominam mais o inglês, e podemos conversar. Tento não invadir muito o espaço pessoal de cada um, mas na medida do possível faço perguntas sobre suas vidas, família etc....


Eles têm vida difícil, muitos dos pais têm problemas com bebida, possuem irmãos de diferentes pais e violência doméstica e sexual é comum. Tem tantos irmãos que o carinho físico nem sempre acontece, assim uma das coisas que mais gostam é ficar grudados na gente, fazendo e recebendo carinho. São muitos carinhosos e educadinhos. Alguns são portadores de HIV e este é sempre um tema recorrente na ONG.

Eles têm poucas roupas, é comum usarem a mesma roupa vários dias seguidos, e a maior parte delas tem furos e rasgos. 


As crianças, principalmente as maiores, piraram nas minhas tatuagens e passei a semana inteira desenhando tatuagens com canetinha nelas. Queria iguais as minhas! Muito fofas.

Além de mim existem outras 3 voluntárias, todas alemãs (aliás a cidade é recheada de alemães), estudantes de International Social Work, fazendo um tipo de estágio para a faculdade. São todas bem novinhas. 


Na quinta-feira uma TV italiana ia fazer um documentário lá. As crianças ensaiaram durante semanas uma peça de teatro sobre Rinocerontes e porque não se deve mata-los. Na Namíbia é crença popular que o chifre do rinoceronte tem poderes de cura milagrosos, assim eles são mortos para que os chifres sejam retirados. O teatrinho era sobre isto, sobre o chifre não ter poderes de cura e que os rinocerontes devem viver.


No último instante a TV ligou para dizer que não daria para ir, pois iam num centro de artesanato fazer compras. Eu entendo que comprar artesanato local quando se está aqui é uma oportunidade única, mas as crianças iriam ficar tão desapontadas…. Elas estavam arrumadinhas, muitas com sua melhor roupa, e muito ansiosas pois treinaram bastante e o dia era muito aguardado.


A Agnes, dona da ONG, conseguiu convence-los, após um pequeno apelo emocional, e eles acabaram aparecendo. Foi lindo demais. Vê-los ali, dizendo as falas que treinaram tanto, um tanto nervosos com a filmagem mas dando o melhor de si, apesar de toda a pobreza em que vivem, usando figurinos de cartolina e cortinas e sentindo-se tão felizes foi muito emocionante. Chorei e me apaixonei por cada um deles!





Aqui uma foto de como eles pintam os meninas e meninos do caderno de colorir: são todos marrons, como eles. Achei o máximo!



 No próximo blog, mais sobre Windhoek!

5 comentários:

  1. Amo MUITO tudo isso! Bjs no seu coração. Thank you for keeping us updated....muito orgulhoso de vc...

    ResponderExcluir
  2. Oi Gabi nossa que coisa linda. É um trabalho mato legal. Saudade. Bjs

    ResponderExcluir
  3. Como não chorar com esse relato? Apenas uma palavra para descrever tudo que tem feito: sensacional!!! 👏🏼 Tenha certeza que você está recebendo muito mais do que dando!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Carol, eu estou dando muito menos do que recebo,sem dúvida!

      Excluir
  4. Gabi que bom vc esta gostando do seu voluntariado. Saudade. E mil beijos.

    ResponderExcluir