Olá a todos, ou Hallo almal, em africâner J
Esta semana foi cheia de emoções e descobertas. Comecei no
trabalho na quarta-feira da semana passada. Estava bastante ansiosa para o primeiro
dia, mal dormi a noite, parecia uma criança esperando o aniversário! Hahahahahahaha.
O trabalho é na ONG Mammadu Trust, que assiste crianças em estado
de pobreza e necessidade, oferecendo pré-escola para crianças de 4 a 6 anos de
idade, no período da manhã (das 7:00 as 12:00), e suporte escolar para crianças
de 6 a 14 anos, no período da tarde (das 13:00 as 17:00), totalizando 40
crianças.
Além do suporte educacional são oferecidos o café da manhã, lanche
da manhã, almoço e lanche da tarde, água limpa, e atividades recreacionais, sendo
que para muitos, é a única refeição decente que comem.
Este é o balanço deles. Num conceito bem ecológico, de reciclagem total :-)
Mammadu fica localizada em Otjomuise, na periferia de
Windhoek. Um prédio simples, mas eficiente, um oásis no meio de um bairro muito
pobre.
Lembra as nossas favelas (miséria é miséria em qualquer parte),
com muitas pessoas vivendo na mesma casa, feita em alumínio e que lembra um
container. Como a população é menor e a área disponível maior, é um tanto mais
organizado que no Brasil. Mais limpo também. No entanto não tem energia
elétrica, água encanada ou saneamento básico (e não tem “gato”). Vivem em uma
grande pobreza e a violência é alta.
Na verdade, em muitos aspectos a Namíbia lembra o Brasil, com os
brancos, mais bem educados, dominando os melhores cargos e salário, e os
negros, sem uma boa base educacional, tendo acesso aos empregos mais básicos.
Mas, diferentemente do Brasil, aqui existe pouca miscigenação, então os brancos
são bem brancos e os negros bem negros.
O trabalho na ONG começa às 10 da manhã quando o professor libera
as crianças pequenas da aula. Consiste basicamente em ajudar a servir o lanche
e a brincar com elas até a hora do almoço. Não é um trabalho difícil mas, quem
tem criança pequena sabe, é bastante cansativo. Elas têm muita energia! hahahahahahaha.
Na parte da tarde o trabalho é servir o almoço, ajudar na lição de
casa, tirando dúvidas que possam ter, e depois brincar e conversar com eles. Na
turma da tarde a interação é diferente, pois são maiores, já dominam mais o
inglês, e podemos conversar. Tento não invadir muito o espaço pessoal de cada
um, mas na medida do possível faço perguntas sobre suas vidas, família etc....
Eles têm vida difícil, muitos dos pais têm problemas com bebida,
possuem irmãos de diferentes pais e violência doméstica e sexual é comum. Tem
tantos irmãos que o carinho físico nem sempre acontece, assim uma das coisas
que mais gostam é ficar grudados na gente, fazendo e recebendo carinho. São muitos
carinhosos e educadinhos. Alguns são portadores de HIV e este é sempre um tema
recorrente na ONG.
Eles têm poucas roupas, é comum usarem a mesma roupa vários dias
seguidos, e a maior parte delas tem furos e rasgos.
As crianças, principalmente as maiores, piraram nas minhas
tatuagens e passei a semana inteira desenhando tatuagens com canetinha nelas.
Queria iguais as minhas! Muito fofas.
Além de mim existem outras 3 voluntárias, todas alemãs (aliás a
cidade é recheada de alemães), estudantes de International Social Work, fazendo
um tipo de estágio para a faculdade. São todas bem novinhas.
Na quinta-feira uma TV italiana ia fazer um documentário lá. As
crianças ensaiaram durante semanas uma peça de teatro sobre Rinocerontes e
porque não se deve mata-los. Na Namíbia é crença popular que o chifre do
rinoceronte tem poderes de cura milagrosos, assim eles são mortos para que os
chifres sejam retirados. O teatrinho era sobre isto, sobre o chifre não ter
poderes de cura e que os rinocerontes devem viver.
No último instante a TV ligou para dizer que não daria para ir,
pois iam num centro de artesanato fazer compras. Eu entendo que comprar
artesanato local quando se está aqui é uma oportunidade única, mas as crianças
iriam ficar tão desapontadas…. Elas estavam arrumadinhas, muitas com sua melhor
roupa, e muito ansiosas pois treinaram bastante e o dia era muito aguardado.
A Agnes, dona da ONG, conseguiu convence-los, após um pequeno
apelo emocional, e eles acabaram aparecendo. Foi lindo demais. Vê-los ali,
dizendo as falas que treinaram tanto, um tanto nervosos com a filmagem mas
dando o melhor de si, apesar de toda a pobreza em que vivem, usando figurinos
de cartolina e cortinas e sentindo-se tão felizes foi muito emocionante. Chorei
e me apaixonei por cada um deles!
Aqui uma foto de como eles pintam os meninas e meninos do caderno de colorir: são todos marrons, como eles. Achei o máximo!
No próximo blog, mais sobre Windhoek!
Amo MUITO tudo isso! Bjs no seu coração. Thank you for keeping us updated....muito orgulhoso de vc...
ResponderExcluirOi Gabi nossa que coisa linda. É um trabalho mato legal. Saudade. Bjs
ResponderExcluirComo não chorar com esse relato? Apenas uma palavra para descrever tudo que tem feito: sensacional!!! 👏🏼 Tenha certeza que você está recebendo muito mais do que dando!
ResponderExcluirCarol, eu estou dando muito menos do que recebo,sem dúvida!
ExcluirGabi que bom vc esta gostando do seu voluntariado. Saudade. E mil beijos.
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