domingo, 25 de outubro de 2015

Coisas da Ásia 2: Comidas, um (nem sempre) delicioso desafio

Bom dia pessoal

Hoje o post é sobre as comidas do Sudeste Asiático.

Acho que esta foi uma das maiores dificuldades que tive por aqui. E olha que nem sou destas pessoas vidradas em comida (quer dizer, se falar chocolate aí eu piro....), ou seja, meio que qualquer coisa para mim está bom.

O primeiro contato com uma comida diferente foi na Índia, ainda bem, mal sabia eu que só ficaria mais difícil.

A coisa mais chocante no início é o tempero, e com isto quero dizer a pimenta, o curry e outros milhares de temperinhos que eles botam em tudo. Era tão forte que eu nem conseguia sentir o gosto da comida, apenas do tempero. Ainda mais eu que cozinho com temperinhos bem básicos: um sal e uma pimentinha do reino.

Eles tem tantos tipos diferentes de temperos que não a toa os britânicos atracaram por lá em busca das especiarias...

especiarias indianas, foto google
Cada mordida é uma explosão, e leva-se algum tempo para se acostumar, mas acostuma-se e, depois de um tempo eu nem percebia mais o "spicy" da comida e até comecei a ter minhas "explosões" preferidas.

Na Índia outra coisa que chamou a atenção foi o fato de comerem com as mãos (e servirem também). No começo tive muita dificuldade. Quer dizer, no Brasil eu como pizza, pão, bolo e coisas assim com a mão. Mas são alimentos "secos". Lá, é tudo com a mão.


Consegui me adaptar médio. Consegui comer tudo com a mão menos o arroz.... Lá o arroz é soltinho, e sem sabor, e você deve colocar os molhinhos em cima dele, fazer uma papinha e comer. Não consegui ir com a mão não..... Mas aí achei uma colher a venda no mercadinho, passei a carregar na minha mochila, e quando chegava o arroz, comia com minha colher! Tudo resolvido.

Tá certo que eles me olhavam com curiosidade, to tipo.... que ela tá fazendo? Mas fui tão olhada com curiosidade na viagem pela Ásia que já nem reparava mais. Tipo a atração local hahahahaha.

Passados estes dois obstáculos, do tempero e da mão, passei a AMAR a culinária indiana. Tudo nela é fantástico: pequenas porçõezinhas servidas com milhares de potinhos com temperos diferentes,

Thali, amo todos estes temperinhos, foto google

a consistência molhadinha (ótima, segundo a medicina ayurvédica), a apresentação na folha de bananeira,

Dosa, foto google
os muito tipos de pãezinhos e panquequinhas que eles tem

Parotta, foto google
Idli, foto google

Mas acima de tudo, o fato que 50% da população indiana é vegetariana, então era ridículamente fácil ser vegetariana lá! Até vegan não era raro de se encontrar.

Foi uma experiência culinária que, apesar de sabores diferentes, foi facilmente adaptável e altamente deliciosa e que sinto falta. Sempre que encontro um restaurante indiano, lá estou, matando a saudade.

Já no Camboja..... aí sim foi difícil.

Bom, a pimenta continua por todo o lugar e isso nem era problema mais mas, entrou um novo fator.... o doce da comida.

Sim. Eles tem uma coisa com o sabor doce que vou te falar. E olha que eu sou a formiguinha em pessoa, mas aqui é exagerado. Tudo é doce ao extremo. Em tudo eles colocam leite condensado E açúcar... nas frutas, sucos, vitaminas, bolos..... tudo é doce demais.

Depois de algum tempo no Cambodia aprendi a pedir sem açúcar e com pouco leite condensado, e aí.... novamente o olhar " quem é essa?".... hahahahaha

Se fosse doce apenas nos doces estava tudo bem mas........ o salgado deles também é doce. E não é como no Brasil, com uma frutinha na salada ou um molho agridoce.... é tipo açúcar na comida.

O pão é doce, o molho é doce, o milho é doce (eles cozinham na água com açúcar), é esquisitíssimo. Um dos lanches preferidos daqui do Cambodia é pão com leite condensado :-O

Me surpreende que sejam magros e não morram de diabetes. Acho que o corpo está adaptado, sei lá.

Mas como o asiático é um povo de contradições....... eles também curtem um temperinho, tipo aquele que vem no saquinho do miojo, industrializado e salgado. Mas aí eles pões nas coisas doces.... hahahahaha. Tipo, fruta com este temperinho, pamonha com este temperinho, milho cozido na calda de açúcar com este temperinho. Uma doideira sô.

Apenas o arroz não é doce, é sem tempero nenhum, e grudadinho. E eles comem arroz o tempo todo: no café da manhã, no almoço, no lanche da tarde e a noite ( e não me surpreenderia se acordam de madrugada para comer arroz). Bom, faz sentido né? Aqui só tem plantação de arroz....

típico café da manhã
E junto com o arroz...... carne. Comem todo tipo: porco, pato, galinha, boi, insetos, caramujo, e que encontrarem. São muito carnívoros. Até o ovo vem com carne....

Ovo com embrião, uma das delícias locais.....
Aí fica difícil né? Durante o trabalho voluntário fiquei numa pousada que me permitia cozinhar. Aí eu ia no mercado, comprava os legumes, grãos, feijão etc... e cozinhava. Sem problemas. Mas a maior parte das pousadas não permite isto, então me alimentava como eles: arroz. Quando dava sorte, um arroz com ovo. Não muito nutritivo mas o é o que tem pra hoje.... Juro que tive até queda de cabelo por aqui, por falta de vitaminas, acho eu.....(ou é velhice mesmo, hahahahaha)

Aranha, uma especiaria no norte do Cambodia

E por falar em mercado.....esta é uma história a parte.

A primeira vez que me falaram para ir ao mercado e me deram as instruções de como chegar, peguei minha bicicleta e fui....... não achei..... refiz o caminho umas 3 vezes e não encontrei. No lugar de onde estaria o mercado estava apenas um tipo de feira ao ar livre, com tudo meio que pelo chão, não muito convidativo...

mercado de Takeo
mercado de Takeo

Demorou para cair a ficha que este era o mercado. Nem queria entrar mas, determinada a encontrar algo para cozinhar entrei.... na ponta dos pés, cheia de nojinho e completamente perdida naquele lugar estranho onde ninguém fala inglês.

mercado de Takeo

Hoje já super me viro, sem nojinho nenhum. Até já tenho meus fornecedores preferidos, onde vende a melhor banana, o melhor pão etc.... hahahahahahaha, mas confesso que sinto falta de um mercado mais tradicional, gostosinho, limpinho, e que falem português!


ambas no mercado de Takeo

O mais difícil, para mim, é ver venderem a carne "fresquinha", ou seja, viva. Tenho vontade de comprar tudo e soltar. Tirei foto só dos patinhos, mas tem porquinho, peixe, siri, enguia, galinha... um dó só!

Mercado de Takeo

Os insetos ao menos são fritinhos.....

mercado de Takeo
E eles aproveitam tudo, até as cabeças



Cambojano adora comer, e tem várias barraquinhas de comida espalhada por tudo quanto é canto, vendendo a comida estranha deles. Ao menos é baratinho, e quem gosta de carne diz que é bom.


em todo lugar
Nas cidades maiores e mais turísticas tem os restaurantes para Ocidentais. Aqui leia-se basicamente comida americana e italiana. É mais ao nosso estilo, mas muuuuuuito mais cara. Uma refeição nestes restaurantes custa em torno de USD 5 a USD 7. Nos restaurantes e barraquinhas locais entre USD1,5 e USD3. Vou me virando no arroz das barracas mesmo hahahahahaha.

Mas nem tudo é ruim. Descobri coisas muito boas aqui no Cambodia:

Caldo de cana, igualzinho o nosso... depois de pedalar 1 hora debaixo do sol quente para chegar na escola, sempre tomo esta delícia de uma família local mega simpática.

a caminho da escola
Batida de frutas (sem leite condensado e açúcar)

Sorvete na casquinha de Beiji (com leite condensado hahahahaha)

na escola

Um tipo de canjica, servida com açúcar e pozinho de miojo (uma delícia)

Na escola


Esta frutinha que não consegui descobrir o nome, que lembra a rambutan mas não tem caroço e é magnífica

Frutinha em Angkor Borei

Café gelado com.... leite condensado, imperdível!

No bar do Sony - Angkor Borei


E com açúcar e tudo.... o querido milho verde, que aqui não é cozido mas feito tipo no churrasco :-)

A caminho de Po village

E aqui minha grande decepção. Comprei porque era uma belezinha, e na minha cabeça seria doce. Ao abrir descobri que é uma espécie de maçaroca de ..... peixe (com pimenta, claro). Ah, assim não vale...



Bom, estas são as aventuras na culinária local.

Beijos e até o próximo post.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Adeus ao Camboja, bem vindo Laos

Olá, bom dia

Minha última etapa no Camboja foi numa cidadezinha chamada Kratie, que eu amei, Na beira do rio, tranquila e sem grandes atrações turísticas, mas uma em especial pegou de jeito meu coração.

Depois de ficar mal da gripe, decidi encarar o pedal de 15 km até um ponto onde dizem que o rio Mekong é bem bonito e em que eles fazem pic nic. Era mais uma desculpa para me movimentar do que um lugar assim, tão especial.

O rio realmente é bonito


e eles fazem mesmo picnic. Fui convidada pela família a me juntar a eles, mas a comida era carne, e aí agradeci mas declinei. As vezes ser vegetariana é um bloqueio social....


O caminho até lá é bastante agradável, beirando o rio e de vegetação verdejante, e tive sorte de não estar sol, estava muito fraca para aguenta-lo.



Mas o grande tchan do passeio foi encontrar a melhor pagoda daqui do Camboja. Fica meio escondidinha, no alto de um morro, mas é incrível. O astral é show, super tranquilo, cheio de paz e verde. Vou postar um monte de fotos, quem sabe encanto vocês assim como fui encantada

Entrada. Sim, é um subidão

Amei estes monges ao lado de todo o caminho.


Altar



Paz

Ensinamentos
templo principal
vista
Somente lá soube que é possível ficar uns dias, praticando meditação. Se soubesse disto antes, teria ficado lá ao invés de Kratie, pois realmente amei. Fechado com chave de ouro minha estadia aqui.



A ida a laos foi complexa, iniciando as 6:00 da matina e terminando as 20:30. Paradas intermináveis, calor, fome e troca troca de mini van, finalmente cheguei em um lugar chamado 4000 Islands.

M A R A V I L H O S O!

Fiquei numa ilha chamada Don Det. E não vou dizer nada... as fotos falarão por si

Na fronteira, esperando e rezando para o onibus aparecer
Os lindos campos de arroz

Correnteza... barulhinho bom
A praia :-)

Um merecido banho no rio, depois de meses vestida dos pés a cabeça!

Caminhos singelos....

Pousadinhas na beira rio
Tradicional chapéu. Olha estas nuvens!
Porque banhar-se é preciso, e uma ajudinha sempre cai bem
Por do sol... amo!

Minhas amiguinhas Belgas. Celine e Amelie




domingo, 11 de outubro de 2015

Coisas da Ásia 1 - Meio de Transporte, uma aventura

Bom dia pessoal.

Vou fazer umas postagens sobre coisas que só acontecem aqui. São postagens rápidas, só para dividir com vocês coisas pitorescas.

Hoje quero dividir um pouco com vocês a aventura que os meios de transportes daqui são. Juro, é um acontecimento. Aviso que TODAS as fotos são do google, mas JURO que vi, com estes olhos a terra há de comer, e experimentei, com este corpicho em que vivo, tudo o que mostro abaixo. Apenas estava apertada demais para tirar fotos hahahahahaha.

Bicicletas:  Ainda são bastante utilizadas como meio de transportes, principalmente pelas crianças e idosos. É fácil vê-las pelas cidades e pelas estradas, eu mesma super usuária. São bikes modelo "urban", normalmente velhinhas, mas pau pra toda obra :-)

E rola sempre uma carona amiga :-)
Quando se é criancinha, tem bike pequeninas mas ao crescer um pouco já usam a bike grande, então é normal ver as crianças em bikes enormes, felizes da vida, mesmo com dificuldade para pedalar..


Motocicletas:  Bom, estas se alastram por todos os lugares do Sudeste Asiático. Estão por todas as partes, em cada cantinho. Uma loucura. Servem no meio urbano e no rural. E são capazes de coisas incríveis...

     .... carregar a família toda...


     ... virar um "ônibus" e carregar os amigos também...


     ...carregar as compras do mercado...


     ... ou aquilo que se espera vender no mercado, sejam produtos...


... ou comida viva (triste ver isto viu....)


O importante é que, não importa se no campo ou cidade, lá estão elas, barulhentas, poluidoras mas bastante democráticas :-). Realmente, elas me impressionaram!



3) Tuk Tuk:  Outra paixão asiática é quando a moto ganha rodas extras e vira um táxi. São os famosos tuk tuks. Podem ser uma mão na roda, pois são onipresentes em todas as cidades, e mais baratos que os taxis convencionais mas.... podem ser irritantes pois a cada passo dado na rua você os escuta se oferecendo: "Tuk TUk madam, tuk tuk?" . Aí é ignorar e seguir em frente...

     
Versão Cambojana

versão Indiana

versão Laos
               
4) Ônibus: Agora, se o negócio é pegar um ônibus, aí a coisa fica interessante....... e potencialmente perigosa (além de cheia hahahahaha).

Na Índia usei algumas vezes e sempre foi algo memorável. O ônibus inter municipal é verdinho. Cheguei a fazer uma viagem de 6 horas num destes, suuuuuuuper confortável e uma loucura. Na verdade é igualzinho o ônibus municipal: sem porta malas, sem banheiro e lotado hahahahahaha.



Agora, se você quer usar um ônibus municipal apenas então..... fica pior! São uma versão menor e mais velha dos verdinhos. Os indianos tem uma mania engraçado que é subir e descer do ônibus com este em movimento. Depois vim a entender que é porque nem sempre o ônibus para nos pontos, então o jeito é se virar.



O engraçado é que eles tem a figura do cobrador de ônibus, mas, diferentemente do Brasil, ele passa cobrando o ticket de cada passageiro, um a um. Fiquei impressionada como eles conseguem memorizar quem já havia pago ou não!!!!


Um dia peguei o ônibus e estava super cheio. O cobrador não conseguia sair do lugar. Aí ele grita pra você e você pega o dinheiro e vai passando por todo mundo até chegar nele e... voltar o troco. O louco é funciona, hahahahaha surreal!

Já no Cambodia, se você tiver sorte, para viajar grandes distâncias usa-se um ônibus de 2 andares, parecido com os do Brasil. A diferença é que no andar de baixo vão as malas, e a cada parada para subir ou descer gente suas malas ficam lá, expostas....tipo super seguro hahahahaha.

E eles enfiam de tudo lá, malas, pacotes, cargas vivas e juro, entre Siem Reap e Phnom Penh conseguiram até colocar uma moto!

Também não tem banheiro, então nas minhas viagens, para evitar situações complexas, bebi pouquíssima água, correndo o risco de ficar desidratada (mas ao menos sem molhar as calças, hahahahaha)



Agora, para pequenas distâncias, ou se faltou sorte, são usadas a tais mini-vans, um acontecimento! Conseguem colocar até 20 pessoas dentro, se necessário, fica lotado e comunitário hahahahahahahaha. E também vi uma carregando duas motos! Doideira.


Andei numa destas, menos cheia, um par de vezes!

E finalmente..... não menos importante..... o .....

5) Taxi Compartilhado: Estes são usados a todo momento, para pequenos deslocamentos. E assim como as mini vans são uma aventura a parte. Cabem 5 atrás e 4 na frente. Juro! O motorista realmente divide o banco dele com um passageiro. Doido demais.... e bastante perigos, acho eu.....

Acredite ou não, o segundo da esquerda para a direita é o motorista!

Bom, isto é transporte aqui no sudeste Ásiático, uma experiência e tanto, bom para os nervos, para a flexibilidade e para o contato humano, hahahahahaha

OBS - Semana de grandes acontecimentos:

Foi a última semana de voluntariado e, como esperava, a despedida foi mais "fria" que na Africa, mas também com direito de cartãozinho de uma aluna muito especial, quietinha e aplicada, dizendo que havia gostado muito das minhas aulas e esperava me ver de novo.....São coisas assim que fazem valer todo o sacrifício e dificuldade de ser professor. É uma profissão desafiadora em todos os níveis, e sim, é por paixão que se faz. Pela recompensa de conseguir se tocar ao menos um aluno, modificar ao menos uma mente. Deveriam ser muito bem remunerados, mas não são.... Todo o meu respeito a cada professor deste mundão.....


Peguei uma gripe forte, tava com medo de ser dengue, 3 dias derrubada. E pior, pegando uma das mini vans durante 6 horas, amontoada e sem ar condicionado, sacolejando até Kratie, uma outra cidade daqui do Camboja, hahahahahahaha, só rindo mesmo.

Melhorando aos poucos, a caminho do Laos para turistar com meu amor (que sim, vem me encontrar de novo! Amo muito)