sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A beleza selvagem de Laos

Bom dia pessoal

Passei 3 semanas em um dos países mais bonitos em que já estive: Laos.

É um pais de poucas pessoas, menos de 7 milhões de habitantes, e menos de 30 pessoas por kilometro quadrado (Cambodia, por exemplo tinha 87 pessoas por km2 e a India 436), assim viaja-se por horas sem ver muitas vilas ou civiliação, tornando-o um pais muito verde e de bela natureza.

Foto Google
Também é o mais rico entre os três. O PIB percapita é de USD 1.759, contra USD 1.595 na Índia e USD 1.090 no Laos (No Brasil, só para compração, é de USD 11.840)

Isto se reflete na organização das cidades e no tipo de casas em que vivem

No Cambodia as casas dos vilarejos eram todas de madeira, estilo palafita, já no Laos, casas deste tipo são raras, a maioria agora é de alvenaria (embora tenham me dito que é um fenômeno recente, ou seja, a economia do país está crescendo e promovendo a inclusão de mais pessoas).

Casas de alvenaria estão brotando aos montes
Tá certo que aqui fui só turista, não conheci vilas distantes, como no Cambodia, mas a impressão é querealmente é um país em melhores condições financeiras.

Também me pareceu um país mais limpo, sendo muito mais raro encontrar lixo espalhado pela rua, e quando o encontramos, é em menor proporção. Não sei dizer se por uma melhor consciência ou se simplesmente por ter menos pessoas, então a capacidade de produzir sujeira é menor :-)

A quantidade de turistas é menor também, principalmente da horda de turistas chineses que invadem todo o sudeste asiático. O que é uma benção, pois eles chegam em bandos enormes e são super barulhentos. A maior parte dos turistas é europeu, com grande concentração de franceses.

Cena comum: tour de chineses

É um país mais caro que o Cambodia e mais ocidentalizado, significando que me dei muito melhor com a comida daqui. O arroz frito e o noodle permanecem como as opções para quem é vegetariano mas, sendo o tempero mais próximo ao meu paladar, fica tudo mais gostoso (Ufa, já estava ficando meio desnutrida).

Eu amei este país de imensidão verde, montanhas e cachoeiras que, de certa forma, me lembrou a Islândia, pela grandeza da natureza e deserto das pessoas, me trazendo o mesmo senso de liberdade que lá havia sentido.

O fato de estar acompanhada de meu amor também ajudou a tornar tudo muito mais especial, apesar que o ajuste desta vez foi um pouco mais complicado que na Itália. Realmente estar separado por tanto tempo, com cada um vivenciando experiências tão diferentes, afeta a relação. Tem que ter muita base e amor para fazer a relação permanecer. A distância corrói um pouco da intimidade, do compartilhar pequenos e bobos acontecimentos diários. Acabamos nos acertando e me despedi com saudades e vontade de quero mais..... :-). Neste aspecto fico contente que a viagem está quase no fim e que logo logo estarei no Brasil


Esta parte da viagem começou em Vientiane, a capital do Laos, cidade de arquitetura ampla, grandes avenidas e uma interessante combinação de cidade grande e moderna com um ar ainda meio interiorano.

Alugamos uma bicicleta e rodamos a plana cidade. Um dos pontos mais interessantes é o Patuxai Victory Monument, o "Arco de Triunfo"  de Vientiane. Foi construído com dinheiro americano que havia sido doado para a construção de um aeroporto, mas Laos decidiu construir um monumento celebrando a independência da França. Não sei se o aeroporto teria sido melhor opção, uma vez que hoje é um importante ponto turístico da cidade :-)

Patuxai

Vista do alto do arco
A noite, um lugar legal para ir é no Mix Vientiane, um conglomerado de restaurantes e bares, de clientela basicamente ocidental, ao som de um show de banda local. Passamos noites agradáveis ali.


 De lá seguimos rumo ao norte, com a primeira parada em uma cidade chamada Vang Vieng. A cidade é dividida por uma ponte, sendo que de um lado é uma cidade backpacker, de festa a noite inteira, paraíso para quem quer curtir a noite. Do outro lado é uma pequena e tranquila cidade, rodeada de montanhas, paraíso para quem curte a natureza.

Nem preciso dizer de que lado ficamos né?

Foto google
A grande atração é a Lagoa Azul, que na verdade é meio verde, mas ainda assim bem bonita. tem que chegar cedo para evitar o bando de turista que vai lá. Não chegamos e compartilhamos a lagoa com todo mundo. No fim, foi divertido.


Lá tem também uma pequena caverna com um Buda deitado. Eu tenho o maior respeito por cavernas, sempre me sinto entrando um lugar sagrado, gostei bastante de ter visitado este lugar.


Mas o ponto alto foi subir no "View Point", uma trilha que leva até o alto de uma montanha, com uma vista de tirar o fôlego! E como quase ninguém vai, tivemos o pico só para a gente, curtindo aquela imensidão verde....


De lá fomos ao que depois se mostrou minha cidade preferida: Luang Prabang. É uma cidade de médio porte, toda bonitinha e arrumadinha, cheia de árvores, mas bastante desenvolvida, com restaurantes e cafés deliciosos, banhada por 2 rios.

vista da cidade
vista do rio Mekong (o outro a banha-la é Nam Song)
Tem mais de 44 templos. Aqui os templos tem uma arquitetura diferente do Cambodia, com uma influência mais chinesa.

Wat Xieng Thong

Uma das principais atrações da cidade é o Tak Bat. É uma tradição no Laos os monges recolherem ao sol nascer,comida doada a eles, Em Luang Prabang isto virou atração turística e, apesar de ser interessante, perdeu um pouco do contexto original, visto que não vi um único local fazendo a oferta, apenas turistas.

esperando os monges
fila de monges
O fato de uma tradição tão antiga estar virando uma atração turística fortemente comercializada pelas agencias de turismo, desagrada também aos monges, que muitas vezes nem conseguem realizar a coleta, tamanha a quantidade de turistas bloqueando o caminho.

Uma grande discussão sobre como conciliar esta prática com o turismo está sendo travada em Luang Prabang. Espero que cheguem a um consenso, bom para ambas as partes.

Mas não é so de vida urbana que vive LP. Ao seu redor tem montanhas e cachoeiras belíssimas. Fomos visitar 2 que são de tirar o fôlego. Nunca tinha visto um lugar assim.

A mais famosa delas é Kuang Si, uma sequencia de cascadas de águas límpidas, te chamando para um bom banho :-)


aqui perdi a respiração: lugar encantado!
Lá funciona também um centro para ursos que foram resgatados das mãos dos caçadores. Os chineses acreditam que a bile do urso é bom para diversas doenças, então os ursos são capturados e mantidos em cativeiros por toda a vida, com um dreno retirando a bile do fígado. Quanto mais conheço os homens, mais assutada fico com a capacidade de malvadezas que somos capazes.


Para se ir na segunda cachoeira,, Tad Sae é necessário pegar um barquinho


A cachoeira é de estilo parecido, mas como é mais longe, tem menos turista ao redor. Novamente fiquei sem fôlego!


Infelizmente lá opera uma agencia que vende passeios de elefante. Aí ficam os pobrezinhos, presos e carregando turista o tempo todo. Porque alguém acha que elefante gosta de fazer isto? Ainda bem que as vezes eles tem um tempinho livre e podem se banhar.


De Luang Prabang seguimos mais ao norte, para Nong Khiaw, uma pequena cidade, quase um vilarejo. A principal atração é não fazer nada :-)

Na verdade o lugar é ideal para quem quer fazer trekking de 2 ou 3 dias, mas nossa opção foi um trekking de  1 dia, auto-guiado, para cima da montanha. Cidade calma, ótima para um relax

Vilarejo de Nong Khiaw
Vista do trekkink
O norte do Laos foi um dos lugares mais bombardedos durante a guerra do Vietnam, e é comum ver pedaços de bombas reais usados como decoração nos locais. Ainda hoje existem bombas e minas que ainda não explodiram, então há que se tomar cuidado, ir apenas em trilhas demarcadas e não se aventurar por aí. Infelizmente as vezes algumas pessoas são explodidas assim, e não é raro ver pessoas mutiladas.



De lá íamos seguir ainda mais ao norte, numa vila que se chega apenas de bargo chamado Sam Neua. Mas ficamos sabendo de um importante festival, o Lai Hua Fai, Este festival é uma tradição antiga e tem como objetivo homenagear Buda, assim como o rio, por qualquer mau uso ou mau trato a ele feito. Também serve como um ritual de limpeza e purificação e para trazer boa sorte.

Ficamos na dúvida sobre o que fazer mas acabamos optando por voltar a Luang Prabang para veer tão importante festival. E não nos arrependemos. O festival é um acontecimento único.

No dia anterior ao festival cada templo é fortemente iluminado com lanterininhas, e passear pela cidade iluminada, é realmente lindo.

Monge enfeitando o templo

Decoração de um dos templos: luzes acima e abaixo :-)

No dia do festival existe uma competição entre os templos da cidade e dos vilarejos ao redor.Cada um constrói um barco iluminado e vão passando pelas ruas da cidade, numa bonita procissão, ate chegar ao templo principal (Wat Xieng Thong). O Júri vota então qual o melhor barco.

Um dos barcos decorados
Todos os barcos são levados até o rio Mekong e lá colocados para navegar.


Praticamente cada pessoa da cidade também faz sua homenagem particular, oferecendo ao rio um bonito arranjo de folhas de bananeira com incenso, flores e velinhas.

Arranjos a venda na cidade

Fazendo a oferenda

O conjunto é lindo, o rio fica todo iluminado num belo espetáculo. Infelizmente a foto não captura o momento, em plena lua cheia, do rio tão bonito. Coisas para se guardar apenas na memória.
Muito contente de ter estado no Laos bem nesta ápoca!

Bom, é isto. Um grande beijo e até Hong Kong!

Um comentário:

  1. Imaginava que o Laos seria lindo Gabis, mas foi muito gostoso ler com o seu tempero. Obrigada por compartilhar, ajudará na nossa viagem! Super beijo

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