terça-feira, 8 de setembro de 2015

E Narciso aprendeu a gostar do que não é espelho!

Bom dia pessoal.

Antes de vir a Índia um amigo que conheci na Alemanha me disse: Para viajar bem na Índia e deixar que coisas mágicas te aconteçam, deve-se deixar ir com o fluxo. Se você resistir, ou tentar entender a Índia com a lógica ocidental, irá remar contra a maré e só tomará porrada. Mas, se você deixar as coisas fluirem e acontecerem, terá uma viagem inesquecível.

E é isto mesmo. É exatamente assim. A Índia pode ser avassaladora ou encantadora e muito disso é de como você se põe frente a ela: resistindo ou aceitando. Cada vez mais acho que a Índia é um aprendizado espiritual na prática do cotidiano e um resumo do que é o ser humano e suas contradições.

No caminho das cavernas sagradas

Aprendi a gostar da Índia e dos indianos, que podem ser extremamente gentis e encantadores mas também extenuantes, e acho que muito depende de como você se coloca. Acho que aprendi muito na minha estadia, de diversas formas e quero muito levar este aprendizado comigo. Mas é tão fácil esquecer tudo né?

Eu sempre tive curiosidade de saber o que as pessoas fazem em um Ashram e o que há de tão especial. Bom, não sei se todos os Ashram são como o que eu fiquei, mas foi, de fato, muito especial.

Indicação de uma amiga da minha irmã, Rizzi, o Ashram Sri Ramana me aceitou como convidada para 4 dias, ficando em suas acomodações



O Ashram fica na cidade de Tiruvannamalai, uma das cidades mais sagradas do sul da Índia, por representar o fogo, um dos 5 elementos de Shiva (que por pura coincidencia, representa meu signo também :-) e possui um dos maiores templos dedicados a este Deus.

Annamalaiyar temple, foto google
Está aos pés da montanha sagrada de Arunachala, onde o mestre Sri Ramana permaneceu em grande parte de sua vida,  morando em cavernas, orientando quem buscava sua ajuda, e meditando.

Aruchanala e sua neblina matinal: vista do Ashram

Sri Ramana

Fui aceita para chegar no dia 02 e partir no dia 05, numa estadia de 04 dias. Decidi partir da Sadhana logo após o almoço, rumo a estação de ônibus, para uma viagem de 2 horas.

Bom, logo no café da manhã a notícia: Greve geral na Índia, afetando principalmente os serviços públicos, entre eles o transporte.

Caraca, como iria até o Ashram? Tinha duas opções: ir de taxi, o que seria bastante caro, ou deixar para ir no dia seguinte, mas aí não sabia se iriam me receber ou não. Bom, melhor acabar o café da manhã e depois me preocupar com isto, afinal a fome era grande hahahahahaha

A culinária do sul da India e seus milhares de molhinhos.... amo!
E não é que o fluxo que mencionei simplesmente aconteceu? Mandhu, um indiano também voluntário de Sadhana, com quem não tive muito contato me disse que poderia me dar uma carona, assim ele aproveitava e visitava o seu avô, que morava em Tiruvannamalai.

E assim, tudo resolvido :-) Carona dada, numa companhia bastante agradável, e visita acompanhada por um hindu ao templo de Shiva, tornando tudo mais interessante.

Annamalayiar : foto google

Ao chegar no Ashram fui recebida pelo responsável pelas acomodações. Um indiano grande e robusto, de voz grave e olhos penetrantes, com uma presença que me deixou hipnotizada. Sério, ele conseguia emanar liderança, sabedoria e gentileza, tudo ao mesmo tempo. 


Após 18 dias no meio da selva, a acomodação mais parecia um palácio e ter um quarto só para mim, um luxo! Mas na verdade tudo é simples e funcional

O meu quarto é o do terceiro andar, e ao lado a vista que tinha. Tudo muito verdinho!

O cotidiano no Ashram é bastante simples e rotineiro: pela manhã e ao final da tarde, o canto de Vedas e puja (oferenda), que é bastante bonito, com as canções entonadas pelos monges. 



As 10:30 a oferta de almoço aos pobres, o que gostava bastante de ver. Primeiro os que acho que são monges, ou homens santos, pois se vestem todos de laranja, seguido das mulheres e depois dos homens “comuns” (mas isto tudo é inferência minha). Um dia almocei com eles, e achei a comida muito boa, :-)


Preparação
Homens de laranja

Mulheres
E no meio tempo, pode-se frequentar a biblioteca, a sala de meditação, permanecer pelo Ashram, ir para o quarto ou passear pela cidade. 

Fiquei bastante no Ashram em si, vivenciando as atividades, e meditei muito. É um lugar de silencio, sem ser austero, quieto. Ve-se vida o tempo todo, mas de uma maneira calma, pacífica. Não tem como colocar em palavras, é uma experiência bastante interessante, que te “centra”, te dá base, sei lá. Entendo porque as pessoas amam tanto, poderia ficar mais tempo. Como em todos os lugares que vivenciei nesta viagem, sempre saio com saudades

Linda árvore
Moradores do Ashram

Uma das coisas que fiz um dia foi subir a Arunachala, até as cavernas onde o Sri Ramana viveu. É um bonito caminho, que se faz descalço, mas eu não fiz (pé fino demais, hahahahaha)

Sari secando ao sol: explosão de cores
A caminho das cavernas
Vista da montanha

Na verdade, para comportar o número de visitantes que querem conhecer e meditar na caverna, foi construída uma casa ao redor, assim, de fora, nem parece uma caverna, mas de dentro é uma caverna sim, não muito grande (dá até um pouco de claustrofobia, para ser sincera). Mas a meditação é boa.

Para não se perder

"caverna"
E como sempre tem gente indo lá, não e perigoso. Eu queria subir até o topo da montanha, num trekking de 3 horas, de visual incrível. Mas é perigoso para uma mulher fazer sozinha, ou mesmo acompanhada de “guias”, assim, fica para a próxima!

E assim, feliz, e agradavelmente surpresa na minha estadia indiana, depois de um difícil começo (é que narciso acha feio aquilo que não é espelho) parto para uma semana na Malásia, visitando um super amigo, mas isto é história para outra postagem.

Figuras do Ashram

Mantendo a tradição, as crianças da Mammadu foram escalar, parte de um festival na cidade de Windhoek. Elas mandam lembrança, e agora, no Natal, que tal uma ajuda?


2 comentários:

  1. Gabi adorei a Índia é como estivesse ai com vc e agora vc vai para onde ,estou com muitas saudades da tia Ana ,bjo.

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  2. Gabi não sei se gostaria de conhecer a Índia. Mas gostei do seu post, aliás como de todos que vc tem escrito. Saudade. Bjs

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