sábado, 18 de julho de 2015

Chegadas e Partidas

Bom dia pessoal

Nossa, o tempo voa, não importa aonde estejamos. Já estou quase na metade da viagem, e já saindo da Islândia, o que mei deixa triste pois amei este país, mas também feliz pois estou partindo para uma nova etapa.

Eu não esperava nada da Islândia... vim sem conhecimento prévio do que encontraria, e sem expectativas. O começo foi duro para mim, pessoa do calor e do sol, mas ao final da segunda semana já havia me encantado com este país, e acabei me apaixonando.

É um lugar singelo, duro e simples e isto se reflete nas pessoas que aqui moram. São pessoas sem frescuras, simpáticas mas um pouco distantes, simples na maneira de ser. Diretas no trato, um pouco ingênuas até.

As construções não são bonitinhas e decoradinhas, mas funcionais e preparadas para lidar com o tempo rigoroso e exigente.

A língua é complicadíssima, com uma gramática impossível e dura de se ouvir. O sotaque com que falam inglês é delicioso.

Ég að fá morgunmat á hverjum morgni og ég eins og að borða korn , ostur og brauð

Um povo que encontrou um meio lúdico de lidar com um tempo tão extremo: mais da metade da população acredita (ou ao menos não duvida) em elfos, trolls e pessoas invisíveis!

Sério, se você quer construir uma estrada ou uma casa, deve-se verificar primeiro se não irá perturbar os elfos.

Casa de Elfo em Selfoss

Esta foi a manchete mundial em 20 de Junho de 2014 (fonte BBC):

Plans to build a new road in Iceland ran into trouble recently when campaigners warned that it would disturb elves living in its path. Construction work had to be stopped while a solution was found.  (O projeto de construir uma nova rodovia na Islândia enfrenta problemas pois incomoda os elfos)

 Não é incrível? Um povo tão duro, com uma crença tão irreal..... Acho o máximo!

A música também é doce, gostam muito de rock indie, tipo Bjork mesmo. E que outra trilha sonora combinaria mais com um mundo mágico?

Este é um cantor muito famoso na Islândia (clique no link para escutar):

Sigur Ros

Mas eles também tem reagge (clique no link para escutar):

AmabAdamA

A comida daqui também é simples: carneiro, cavalo e peixe, além de muito alcazuz, que descobri adorar, ainda mais quando envolto em chocolate  :-)

Foto Google: chocolate recheado de alcazuz


Espero levar daqui o aprendizado de adaptação ao rigor, de aceitação do que vier, de ser forte, de não me deixar espantar com pequenos obstáculos diários e de saber que a vida oferece muito, mas cobra muito também. E encarar tudo isto com um jeito élfico!

Islândia não é para fracos. E olha que encarei somente o verão, com o sol a pino o tempo todo (uma das coisas que mais amei). Imagino no inverno, onde ficam sem luz do sol por meses.....ta aí uma experiência que um dia quero ter auto-conhecimento levado a expoência!

Terei muitas saudades daquei, das montanhas coloridas, dos lagos, da claridade, da simplicidade, dos passeios de bicicleta e da paisagem exuberante. mas acima de tudo da liberdade de poder fazer o que quiser sem o MENOR medo de ser assaltada ou roubada.

Acho que é isto, acho que até trocaria o calor do Brasil pela permanência deste sntimento de viver sem medo.

Nestas últimas 3 semanas trabalhei num acampamento de escoteiros chamado  Úlfljótsvatn.


É um lugar "enorme"  que no verão oferece acampamento de férias para a garotada, além de ter um lugar para quem quiser acampar (escoteiro ou não) e albergue.

Lago que margeia o acampamento

O trabalho consistia basicamente em dois grupos: na cozinha, ajudando a preparar as refeições, servindo a comida e lavando tudo depois ou na limpeza dos quartos. O trabalho na cozinha é enorme, são 6 horas non-stop. Já na limpeza é um pouco mais tranquilo.



Aqui trabalham 3 grupos de pessoas:

- o staff regular, formado de escoteiros que se dividem nas mais diversas funções, desde o gerenciamento do lugar até a monitoração da garotada.

- Os voluntários do workaway (onde me encaixo). Na média tem sempre mais ou menos entre 7 a 10 voluntários. Não recebemos dinheiro mas trocamos o trabalho por comida e acomodação.

Esta é uma forma de viajar muito comum entre os jovens europeus. Vários deles passam meses viajando desta forma, é muito legal.

- O terceiro grupo é formado por jovens de 13 a 16 anos que estão fazendo um trabalho de verão. Funciona assim: você se inscreve na prefeitura e, se aprovado, consegue um trabalho remunerado por 3 meses. Deve-se trabalhar por 6 horas diárias.

Momento de diversão...

O trabalho regular é limpando praças, jardins e parques da cidade, mas a prefeitura de Selfoss tem um convenio com este acampamento, então pode-se trabalhar aqui também.

Fico imaginando o que falariam no Brasil se fosse implementado algo semelhante: exploração infantil.... mas aqui eles curtem e tem até fila de espera para se conseguir o trabalho.


Meu alojamento

A experiência aqui foi interessante e divertida. A administração do lugar é meio solta (“fofa”, como diria uma amiga) e tudo fica sem muito controle ou planejamento, mas acaba funcionando de alguma forma (até parece o Brasil, hahahahaha). Esta mesma soltura permite que voce tenha muita liberdade e autonomia, o que me agradou bastante, além de poder emprestar caiaques, tendas, sleeping bags, e bicicletas. Tudo o que se precisa para ser feliz!

Vista de uma montanha próxima

Dei muita sorte de fazer amiguinhos logo de cara, pois senão teria sido difícil e solitário. Meu grupo é o mais improvável possível: Feliccia, uma alemã de 23 anos, com uma cabeça incrível, e Magnus, um islandês de 15 anos muito legal. Juntos passamos muitas horas, trabalhamos, dançamos, tricotamos, cantamos e nos divertimos.


Magnus

Feliccia e eu

A rotina é trabalhar, ler, tricotar (um hobbie que comecei aqui e que estou adorando, apesar de perceber que o suéter que estou fazendo ter ficado pequeno e acho que não vai me servir, hahahahahaha), passear de bicicleta, andar de caiaque, correr, fazer trilhas e mergulhar no lago gelado.

Barco do acampamento
lago de 4 graus! Uia....

Um dia fomos convidados para jantar na casa do Magnus e acabamos ficando para dormir. Foi esquisitíssimo ter a mãe dele cuidando de mim, afinal sou mais velha que ela, hahahahahaha.

irmã do Magnus, uma fofa!
(clique no link para escutar)

Sia - Chandelier

Selfoss é uma cidade pequena e um dos “to dos” é tomar sorvete na sorveteria local, que bomba nos finais de semana.... Realmente é muito gostoso, experimentei 3 vezes!!!!!

Ísbúð Huppu - sorveteria

Nestas 3 semanas tive 3 dias livres e fomos, a Feliccia e eu, acampar num lugar chamado Landmannlaugar. Lugar lindo, de montanhas coloridas. Infelizmente minha única máquina era o celular e, sem bateria, não pude tirar fotos... pego do Google então e "chupinho" algumas da Feliccia.

Foto Google


Fizemos trekkings incríveis, um em especial que foi muito difícil, meio escalada, meio derrapada, meio caminhada, me deu muito prazer ao chegar ao topo do vulcão....

930 metros de altura, no topo do vulcão!

O frio a noite era intenso, com temperatura beirando o zero grau. Ainda bem que o acampamento me emprestou um bom saco de dormir e isolante térmico, senão teria congelado!

Mas.... eles tem um rio quente! :-O

Isso mesmo, no rio gélido, de águas vindas diretamente das geleiras, existe uma fonte de água fervente, fazendo um trecho do rio ficar super quentinho. Delicioso banho natural depois das caminhadas.



Acampar é um modo de viajar muito comum na Europa. Todo mundo faz, seja jovem ou velho (tava cheio de senhorinhas de cabelos brancos acampando) e que no Brasil não é comum.

Percebo que o Brasil tem uma forma muito limitada de viajar e se relacionar com as férias, sempre em hotel, de preferência all inclusive. Na Europa meio que topam tudo, são mais exploradores e tal. Claro que tem o fator segurança, não dá para pedir carona no Brasil, por exemplo. Mas acho que isto molda um pouco nossas mentes e fecha um pouco nossos horizontes.

Espero ter expandido o meu um pouquinho nesta viajem :-)

E como despedida, um último trekking na montanha próxima do acampamento, que oferece uma super vista, além de ter um logo no topo (nunca tinha visto isto). Subida e descida árduas, mas que valem a pena





Um beijo a todos e até mais!



Ah.... e para não perder o costume: A garotada da Mammadu ganhou uniforme de futebol. O Petrus até rezou antes do jogo :-)


2 comentários:

  1. Oi Gabi, pela forma fluente e clara que vc está descrevendo a sua viagem estou me sentindo viajando com vc. Estou adorando. Aproveite mto e cuide-se bem. Meta saudade. Bjs.

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  2. Oi lindinha , estou adorando a viagem eco o eu estivesse ai e tremedor voltar será uma ótima cozinheira vou quer exprime tar a sua comida, aproveite ,saudades da tia Ana.

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