Bom dia pessoal
Hoje o post é sobre as comidas do Sudeste Asiático.
Acho que esta foi uma das maiores dificuldades que tive por aqui. E olha que nem sou destas pessoas vidradas em comida (quer dizer, se falar chocolate aí eu piro....), ou seja, meio que qualquer coisa para mim está bom.
O primeiro contato com uma comida diferente foi na Índia, ainda bem, mal sabia eu que só ficaria mais difícil.
A coisa mais chocante no início é o tempero, e com isto quero dizer a pimenta, o curry e outros milhares de temperinhos que eles botam em tudo. Era tão forte que eu nem conseguia sentir o gosto da comida, apenas do tempero. Ainda mais eu que cozinho com temperinhos bem básicos: um sal e uma pimentinha do reino.
Eles tem tantos tipos diferentes de temperos que não a toa os britânicos atracaram por lá em busca das especiarias...
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especiarias indianas, foto google |
Cada mordida é uma explosão, e leva-se algum tempo para se acostumar, mas acostuma-se e, depois de um tempo eu nem percebia mais o "spicy" da comida e até comecei a ter minhas "explosões" preferidas.
Na Índia outra coisa que chamou a atenção foi o fato de comerem com as mãos (e servirem também). No começo tive muita dificuldade. Quer dizer, no Brasil eu como pizza, pão, bolo e coisas assim com a mão. Mas são alimentos "secos". Lá, é tudo com a mão.
Consegui me adaptar médio. Consegui comer tudo com a mão menos o arroz.... Lá o arroz é soltinho, e sem sabor, e você deve colocar os molhinhos em cima dele, fazer uma papinha e comer. Não consegui ir com a mão não..... Mas aí achei uma colher a venda no mercadinho, passei a carregar na minha mochila, e quando chegava o arroz, comia com minha colher! Tudo resolvido.
Tá certo que eles me olhavam com curiosidade, to tipo.... que ela tá fazendo? Mas fui tão olhada com curiosidade na viagem pela Ásia que já nem reparava mais. Tipo a atração local hahahahaha.
Passados estes dois obstáculos, do tempero e da mão, passei a AMAR a culinária indiana. Tudo nela é fantástico: pequenas porçõezinhas servidas com milhares de potinhos com temperos diferentes,
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Thali, amo todos estes temperinhos, foto google |
a consistência molhadinha (ótima, segundo a medicina ayurvédica), a apresentação na folha de bananeira,
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Dosa, foto google |
os muito tipos de pãezinhos e panquequinhas que eles tem
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Parotta, foto google |
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Idli, foto google |
Mas acima de tudo, o fato que 50% da população indiana é vegetariana, então era ridículamente fácil ser vegetariana lá! Até vegan não era raro de se encontrar.
Foi uma experiência culinária que, apesar de sabores diferentes, foi facilmente adaptável e altamente deliciosa e que sinto falta. Sempre que encontro um restaurante indiano, lá estou, matando a saudade.
Já no Camboja..... aí sim foi difícil.
Bom, a pimenta continua por todo o lugar e isso nem era problema mais mas, entrou um novo fator.... o doce da comida.
Sim. Eles tem uma coisa com o sabor doce que vou te falar. E olha que eu sou a formiguinha em pessoa, mas aqui é exagerado. Tudo é doce ao extremo. Em tudo eles colocam leite condensado E açúcar... nas frutas, sucos, vitaminas, bolos..... tudo é doce demais.
Depois de algum tempo no Cambodia aprendi a pedir sem açúcar e com pouco leite condensado, e aí.... novamente o olhar " quem é essa?".... hahahahaha
Se fosse doce apenas nos doces estava tudo bem mas........ o salgado deles também é doce. E não é como no Brasil, com uma frutinha na salada ou um molho agridoce.... é tipo açúcar na comida.
O pão é doce, o molho é doce, o milho é doce (eles cozinham na água com açúcar), é esquisitíssimo. Um dos lanches preferidos daqui do Cambodia é pão com leite condensado :-O
Me surpreende que sejam magros e não morram de diabetes. Acho que o corpo está adaptado, sei lá.
Mas como o asiático é um povo de contradições....... eles também curtem um temperinho, tipo aquele que vem no saquinho do miojo, industrializado e salgado. Mas aí eles pões nas coisas doces.... hahahahaha. Tipo, fruta com este temperinho, pamonha com este temperinho, milho cozido na calda de açúcar com este temperinho. Uma doideira sô.
Apenas o arroz não é doce, é sem tempero nenhum, e grudadinho. E eles comem arroz o tempo todo: no café da manhã, no almoço, no lanche da tarde e a noite ( e não me surpreenderia se acordam de madrugada para comer arroz). Bom, faz sentido né? Aqui só tem plantação de arroz....
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típico café da manhã |
E junto com o arroz...... carne. Comem todo tipo: porco, pato, galinha, boi, insetos, caramujo, e que encontrarem. São muito carnívoros. Até o ovo vem com carne....
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Ovo com embrião, uma das delícias locais..... |
Aí fica difícil né? Durante o trabalho voluntário fiquei numa pousada que me permitia cozinhar. Aí eu ia no mercado, comprava os legumes, grãos, feijão etc... e cozinhava. Sem problemas. Mas a maior parte das pousadas não permite isto, então me alimentava como eles: arroz. Quando dava sorte, um arroz com ovo. Não muito nutritivo mas o é o que tem pra hoje.... Juro que tive até queda de cabelo por aqui, por falta de vitaminas, acho eu.....(ou é velhice mesmo, hahahahaha)
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Aranha, uma especiaria no norte do Cambodia |
E por falar em mercado.....esta é uma história a parte.
A primeira vez que me falaram para ir ao mercado e me deram as instruções de como chegar, peguei minha bicicleta e fui....... não achei..... refiz o caminho umas 3 vezes e não encontrei. No lugar de onde estaria o mercado estava apenas um tipo de feira ao ar livre, com tudo meio que pelo chão, não muito convidativo...
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mercado de Takeo |
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mercado de Takeo |
Demorou para cair a ficha que este era o mercado. Nem queria entrar mas, determinada a encontrar algo para cozinhar entrei.... na ponta dos pés, cheia de nojinho e completamente perdida naquele lugar estranho onde ninguém fala inglês.
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mercado de Takeo |
Hoje já super me viro, sem nojinho nenhum. Até já tenho meus fornecedores preferidos, onde vende a melhor banana, o melhor pão etc.... hahahahahahaha, mas confesso que sinto falta de um mercado mais tradicional, gostosinho, limpinho, e que falem português!
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ambas no mercado de Takeo |
O mais difícil, para mim, é ver venderem a carne "fresquinha", ou seja, viva. Tenho vontade de comprar tudo e soltar. Tirei foto só dos patinhos, mas tem porquinho, peixe, siri, enguia, galinha... um dó só!
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Mercado de Takeo |
Os insetos ao menos são fritinhos.....
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mercado de Takeo |
E eles aproveitam tudo, até as cabeças
Cambojano adora comer, e tem várias barraquinhas de comida espalhada por tudo quanto é canto, vendendo a comida estranha deles. Ao menos é baratinho, e quem gosta de carne diz que é bom.
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em todo lugar |
Nas cidades maiores e mais turísticas tem os restaurantes para Ocidentais. Aqui leia-se basicamente comida americana e italiana. É mais ao nosso estilo, mas muuuuuuito mais cara. Uma refeição nestes restaurantes custa em torno de USD 5 a USD 7. Nos restaurantes e barraquinhas locais entre USD1,5 e USD3. Vou me virando no arroz das barracas mesmo hahahahahaha.
Mas nem tudo é ruim. Descobri coisas muito boas aqui no Cambodia:
Caldo de cana, igualzinho o nosso... depois de pedalar 1 hora debaixo do sol quente para chegar na escola, sempre tomo esta delícia de uma família local mega simpática.
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a caminho da escola |
Batida de frutas (sem leite condensado e açúcar)
Sorvete na casquinha de Beiji (com leite condensado hahahahaha)
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na escola |
Um tipo de canjica, servida com açúcar e pozinho de miojo (uma delícia)
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Na escola |
Esta frutinha que não consegui descobrir o nome, que lembra a rambutan mas não tem caroço e é magnífica
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Frutinha em Angkor Borei |
Café gelado com.... leite condensado, imperdível!
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No bar do Sony - Angkor Borei |
E com açúcar e tudo.... o querido milho verde, que aqui não é cozido mas feito tipo no churrasco :-)
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A caminho de Po village |
E aqui minha grande decepção. Comprei porque era uma belezinha, e na minha cabeça seria doce. Ao abrir descobri que é uma espécie de maçaroca de ..... peixe (com pimenta, claro). Ah, assim não vale...
Bom, estas são as aventuras na culinária local.
Beijos e até o próximo post.