Semana passada finalmente fui embora da Islândia, deixando meu coração, em direção a terra de uma parte de meus antepassados, a Alemanha.
Foi uma pequena parada, de menos de uma semana, e me dividi entre Stuttgart, visitando a Thirtza, que havia conhecido na Islândia e Munich.
Bom, depois de passar 3 semanas trabalhando no meio do nada na Islândia, podendo pedalar ou caminhar horas sem ver viva alma, chegar em Stuttgart foi como chegar numa mega metrópole. Tudo era over: muitas pessoas, carros, cores, barulhos.....
Comentei com a Thirtza que Stuttgart era enorme, e ela disse, imagina, são só 600 mil habitantes..... Hahahahaha, depois que me acostumei com cidades de 2 mil habitantes, 600 mil é uma China inteira!
Na verdade nos encontramos no meio do caminho, numa cidade chamada Ulm. Eu estava muito cansada,os voos da Islândia obedecem um horário esquisito, tudo no meio da madrugada. Não consegui curtir a cidade tanto assim, mas visitei a famosa igreja Ulm Munster, a mais alta do mundo, e paguei os pecados subindo os famosos 768 degraus, numa escada apertada.
Ulm Munster, foto google |
A vista do alto é linda:
Vista de Ulm |
Tinha uma exibição dentro da catedral, com um sol gigantesco que interage com os visitantes e replica como é a superfície solar. Super interessante
Stuttgart é uma cidade derivada de um reino, e minha amiga tem muito orgulho de sua história. Fizemos um tour guiado que foi bem interessante pois aprende-se bastante sobre coisas e lugares que, de outra forma, não saberíamos
Famosa torre da Mercedes, um dos símbolos da cidade |
No centro de Suttgart: adorava ficar a qui e olhar a cidade acontecendo |
Bom, tenho que contar algo. Acordo no meio da última noite para ir ao banheiro e enquanto estou fazendo minhas vontades vejo uma caixa se mexer. Pensei: pronto, uma barata! Aí lembrei que minha amiga disse que não tem barata na Alemanha, então....... Ai Meu Deus, era um camundongo. Dei um pulo, saí do banheiro correndo e fechei a porta, deixando o ratinho lá dentro.
Camundongo |
No outro dia avisei minha amiga que foi tirar o tal de lá dentro. Procura que procura e nada. Bom, vai ver ele saiu pelo ralo, sei lá. Vou escovar os dentes e tenho uma intuição..... jogo minha necessaire no chão e...... o danadinho tava lá dentro. Gritei e subi na cadeira (tipo louca mesmo) e a Thirza teve um trabalhão para tirar o rato da casa.... Resultado: fiquei sem escovas de dentes, pois não ia arriscar usar uma mijada de xixi de rato..... ai que nojo!
A viagem para Munich foi tranquila, o trem da Alemanha é muito bom, apesar de bastante caro. Fico impressionada como a Alemanha, ao menos nesta parte, é verde. Tem árvore para tudo quanto é lado, super bonito. Sei lá, imaginava a Alemanha cinza e dura, e no verão é verdejante e alegre.
Em Munich fiquei hospedada no airbnb com a Bárbara, uma mulher de 63 anos, cheia de vida e energia. Nos conectamos de cara e foi uma estadia super legal, até saímos uma noite para perambular pela cidade e tomar umas cervejas (Augustiner, feita aqui, na Bavaria, super gostosa). A Bárbara já rodou o mundo, foi casada duas vezes, uma delas com um caribenho, ama black music e é super divertida;
Minha amiga Bárbara! |
Cerveja Augustiner, um orgulho regional que nem anuncio faz: vende-se sozinha, desde 1328 |
O povo daqui também tem o maior orgulho de serem bavarios e acho isto bastante interessante.... é como se antes de serem alemães, fossem regiões, ou seja, após mais de 50 anos da criação da Alemanha, os sentimentos regionais ainda são super importantes. Mas eles também tem muito orgulho de serem alemães, embora hesitem muito em admitir.
É como se ter orgulho de ser alemão fosse vergonhoso. Eles ainda carregam uma culpa muito grande pelo Holocausto, mesmo as gerações novas, que nem sonhavam em existir quando tudo aconteceu. E tem medo de que possa ocorrer de novo, pois o partido neo nazista e de extrema direita ganham força em toda a Europa.
Mas acho que eles tem todo o motivo ara se orgulharem, pois a Alemanha foi quase que toda destruída após a segunda guerra, reerguida novamente e, em pouco mais de 30 anos, torna-se um país rico e produtivo. É muita eficiência né?
Diferentemente de Stuttgart, Munich é lotada de turistas de tudo quanto é canto. É uma salada cultural. Além dos turistas todos os refugiados, os turcos e africanos, e a "cara da cidade" já não é loira de olhos azuis.
No primeiro dia fiz o roteiro super turístico conhecendo o centro e suas atrações.
Frauenkirche, a catedral de munich |
Vista da cidade após a longa subida :-) |
Atrás da catedral tem um mercado de comidas, o Viktualienmarkt, que vende direto dos fabricantes, desde 1.807
Eles vendem de tudo lá. Olha a quantidade de linguiças que a Alemanha tem!
Estes são corações Lebkuchen, que estão por toda a cidade e remontam do século 13. Originalmente eram dados no Natal ou por um pretendente à sua escolhida, mas hoje lotam as ruas de Munich :-)
Outra coisa que me impressionou foi uma barraca vendendo cogumelos. Gente, existe uma variedade de cogumelos que nem imagino! Queria ter comprado todos e iniciado experimentos na cozinha
Tinha muita gente vendendo também as rosas de Jericho, uma planta super interessante, do deserto, que se abre quando existe umidade, espalhando suas sementes, e se fecha, como se estivesse morta, durante o calor, para se preservar.
Aqui ela esta fechadinha, parecendo morta |
Aqui ela aberta, foto google |
Uma das coisas que mais gostei em Munich é que eles tem, bem no coração da cidade, um parque imenso, o chamado Englischer Garten. Vai do centro da cidade até o limite norte. sendo maior que o Central Park nos EUA. Foi criado em 1.789 e tem 3,7 km²
Ele é tão grande que consegui pedalar horas e ainda estar nele, encontrando pequenos tesouros, como este trecho do rio, perfeito para banhar-se
Dáa pra fazer de tudo, correr, andar, pedalar, namorar, sentar, brincar e até... surfar. Isto mesmo! O lugar conhecido como Surfers Point e produz ondas constantes de 1 metro de altura. Dizem que é dificil...
Outra coisa interessante da cidade é o monumento a Michael Jackson, feito espontaneamente pelos fãs do rei na base de um famoso compositor clássico (Orlande de Lassus), em frente a um hotel 5 estrelas onde MJ se hospedou quando em Munich. A cidade tentou "limpar" a estátua das homenagens diversas vezes, mas os fãs sempre acamabm retomando as homenagens. Adorei.
E finalmente, passar por Munich sem conhecer o famoso bar Hofbräuhaus não dá...... bar tradicional, frequentado por turistas e por locais, produz uma deliciosa cerveja.
Eu já gostava de Munich antes de estar lá, pela simples sonoridade do nome. E a cidade é realmente incrível, super vale conhecer.
Um beijo enorme e até mais!